segunda-feira, 18 de junho de 2012

Dia Mundial do Orgulho Autista - precisamos de sorrisos

O dia 18 de junho é o Dia Mundial do Orgulho Autista e eu não podia deixar de me manifestar.

Não estou aqui para falar de forma técnica. Nesse momento quero falar de sentimento. Vou falar daquele trabalho de formiguinha que as pessoas consideram insignificante, mas que, quando somados, fazem toda a diferença na vida de uma pessoa. É um abraço, um sorriso, um bom dia, um olhar compreensivo... para uma criança especial e para os pais dela.  E o porque dessa necessidade.

Muita coisa mudou desde que o Dr. Leo Kanner e o Dr.Hans Asperger  publicaram os primeiros trabalhos científicos a respeito  do autismo, em 1943 e em 1944, respectivamente. Já estão descobrindo até a origem e a cura do autismo. Mas enquanto não chega de vez, muito chão temos pela frente.

O mundo mudou. A sociedade tem avançado bastante na forma de enxergar os seus semelhantes e o próprio planeta. Estamos discutindo abertamente sobre preconceito e sustentabilidade nas escolas como um assunto sério. Estamos tentando conscientizar as crianças, ainda na escola, sobre as diferenças... sobre a inclusão. Estamos lentamente a caminho de um mundo melhor!

É bom poder afirmar que o mundo vem melhorando, que as pessoas estão mudando a sua forma de pensar. Mas ainda é muito pouco. Muitas pessoas ainda sofrem as consequências do preconceito. E isso não está longe de nós. Não estou falando de senhores de escravos, ou de pessoas que defendem uma raça pura etc. Não estou falando de pessoas ruins.

Essa é a parte que considero mais grave. É que grande parte do preconceito contra autistas e pessoas especiais é fruto do desconhecimento.

Estou falando de pessoas que convivem conosco. Pessoas boas, com famílias boas, com qualidades maravilhosas, mas que ao se depararem com algum comportamento não reconhecido como padrão, desenvolvem algum tipo de pânico. No desejo de se protejerem ou de protejerem os seus filhos acabam por incutir o medo da diferença. Mas se protejerem de quê?

O desconhecimento sobre o assunto machuca muita gente e esse trabalho de formiguinha (um machuca daqui, outro dali), pode desestruturar famílias, no momento em que os  seus membros mais precisam de apoio e de amor, principalmente a criança. E se a direção desse trabalho se invertesse poderia salvar tantas famílias e tantas crianças...

Um pouquinho de imaginação...
Bem, agora vou falar um pouquinho da parte mais dolorosa, porque muitos de nós já passaram por algo do tipo, seja de que lado for. Citarei exemplos com crianças porque são cenas mais comuns, mais fáceis de lembrar e porque causam maior empatia.

Imagine-se em uma festa de aniversário. Brincando no parquinho com outras crianças, inclusive o seu filho, está uma criança linda, alegre e satisfeita, talvez mais que as outras. Você notou que falava alguns sons estranhos, mas isso não significa nada... Na hora de sair do brinquedo a criança começa a chorar, chorar, chorar... o escândalo vai se prolongando a cada minuto a ponto de incomodar... os pais tentam acalmá-la e nada... no começo alguns até externam o pensamento, "ow, coitadinho"...

Imagine que o seu filho se sinta incomodado com a situação a ponto de querer sair logo do parquinho, mas os pais ainda estão tentando acalmar a criança sem sucesso... o seu olhar já mudou? O seu olhar e o dos outros pais, do tipo "Ah! Se fosse meu!!!". É difícil mesmo parar para imaginar o verdadeiro por quê da criança está chorando e os pais não terem o controle da situação.

Vislumbramos acima uma cena que ocorreria esporadicamente na vida de alguém que não convivesse com a dificuldade. Imagine agora uma outra situação em uma escola.

Todo dia, ao deixar e pegar o seu filho na escola, você percebe que uma das crianças não obedece o comportamento padrão. Um dia está deitado no chão, outro dia brincando de uma forma estranha, emitindo sons estranhos, no outro ele está chorando porque a mãe saiu. Mais um dia e a mãe volta a ficar sentada do lado de fora da sala. Outo dia e ele está deitado no chão batendo as perninhas.

Até então tudo bem, você não tem nada a ver com isso... Mas um dia você chega para pegar o seu filho e descobre que um amiguinho lhe bateu... em quem você pensou? E geralmente não é essa a verdade.

Nem passa pela sua cabeça que as crianças têm de manifestar agressividade e só assim ela vai poder ser trabalhada pela escola. Mas até então, tudo bem. Você se perdoou. Afinal, como você iria adivinhar? O problema é a reação diária e geral. Não é só você que vai olhar diferente... e o nosso olhar e os nossos gestos dizem tanto... Por outro lado, mãe tem as antenas ligadas, nada passa despercebido, principalmente quando o filho está mais frágil.

A sociedade está avançando. As escolas estão abrindo as portas para a inclusão, mas elas precisam do apoio real dos outros pais. Imagine a dificuldade dos professores para realizar um trabalho que consideramos tão digno! Imagine como a vida de todos poderia melhorar se todo dia a gente desse um bom dia ou um sorriso para essa criança, para a mãe ou para o pai, mesmo que não fosse correspondido com entusiasmo no começo - imaginem também como você estaria sofrendo no lugar deles.

Precisamos de um pouco mais, senão de amor, pelo menos de empatia pelos outros. Saber se colocar no lugar do outro, imaginar a sua dor, o porque do rosto amargo ou sofrido, o porque da falta de sorriso... compreender de fato e insistir em ajudar, nem que seja com um gesto, uma palavra, um sorriso ou um olhar!

Não exijamos atos bonitos dos outros na condição de que não tenhamos que participar dele! E não estou falando só em defesa dos autistas, mas de todas as crianças e adultos que são tratados com desprezo pelo fato de estarem agindo fora do comportamento padrão.

Coloquemos a nossa imaginação para funcionar!

Esse tipo desconhecimento não pode mais servir de justificativa para a omissão! Não cometamos os mesmos erros do passado! Quantos males não foram justificados pela ignorância?

2 comentários:

  1. Oi, Lúcio.
    Ainda estou um pouco "amarrada" no blog, por isso não respondi logo.
    Muito obrigada pelo comentário e pela participação!
    Um abração em você e no Adrian!

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