domingo, 15 de abril de 2012

O “Click”

Estimular a aprendizagem, a vontade de estudar, de descobrir, enfim, de aprender, é um desafio para pais e educadores. 
Olhando de fora parece tão simples que dispensaríamos tantos estudos sobre o assunto. Mas quando se tenta ensinar algo para uma criança... o bicho pega. Já parou para pensar como é que podemos conseguir fazer uma criança aprender sem termos tantas dores de cabeça?

Estava sem saber por onde começar. Tanta coisa das quais queria falar... Até que uma amiga comentou no facebook ter tanta coisa para fazer, que não sabia por onde começar. E ao responder “começa do começo” tive o estalo... Por que eu também não começo pelo começo?
imagem retirada da página:
http://blogdosempreendedores.com.br/2010/07/20/avalie-a-sua-ideia-respondendo-a-essas-10-perguntas/



Bem, não vou me propor a seguir uma ordem. Perderia a espontaneidade. Mas vou começar com o tema da inspiração, o click.

Sempre me encantei ao perceber o progresso do meu filho, dos meus sobrinhos e de outras crianças que tive a oportunidade de acompanhar. Mas o que me chama mais a atenção é o que chamo de “click”.

Você conhece! É aquele momento mágico em que a criança parece dar um salto no seu desenvolvimento. Seja na fala, nos primeiros passos, na aprendizagem ou naquelas frases mágicas, verdadeiras “tiradas” que deixam os adultos boquiabertos...

Parece algo mágico! Que surge do nada, sem nenhum esforço. E pouca gente imagina, ou pelo menos se dá ao trabalho de imaginar (em regra, porque não tem motivo para isso), que se trata do resultado de um complexo processo criativo que nos passa despercebido, que vai alimentando uma reação em cadeia.  

Ou seja, o “click”, como gosto de chamar, é o fim de uma fase. Mas também é o começo de uma nova fase, que vai desencadear novas descobertas, novos risos e novos cliques. E é a soma desses cliques e descobertas que vai desencadeando o desenvolvimento. 

Esse click também acontece com os adultos, num processo semelhante ao da criança e também nos passa despercebido. Talvez por ser algo tão natural, tão inerente ao ser humano. 

Ora, para a realização de um trabalho o adulto estrutura todo um caminho, que envolve pesquisas, disciplina, reflexão, descanso etc. E assim mesmo não percebe como as ideias vão surgindo e se transformando em algo concreto, ou seja, não percebe o processo por trás de cada ideia. Já com a criança me parece um pouco mais complexo, mas o que vejo de mais interessante é que o processo criativo da criança ocorre principalmente através da brincadeira. 

E aí vem ela de novo! A brincadeira! Podemos conjecturar à vontade, mas quando se trata de criança, tudo termina em brincadeira. Talvez para nos mostrar que as coisas mais complexas podem se desenvolver da forma mais leve e bonita.

Bem, essa brincadeira à qual me refiro vai muito além do que imaginamos a princípio. Segundo alguns psicólogos e psicanalistas o brincar já se inicia nas primeiras manifestações da criança, mesmo que intuitivas, como levar o dedo à boca. E ao crescer ela não se padroniza. Alguns meninos gostam de bola, outros de carro, outros não são muito chegados a nenhum dos dois, mas adoram uma revistinha. Para algumas crianças, como as autistas, a brincadeira pode acontecer através de movimentos repetitivos, um cantar diferente, um desenho etc. Enfim, cada criança tem o seu jeito próprio de brincar, como tem o seu próprio jeito de ser, o próprio jeito de aprender. E o processo criativo acontece em todos eles, respeitando o tempo e o modo de cada um.

Não é preciso se ater a detalhes. Qualquer pessoa que observa diariamente uma criança sabe o esforço que é para aprender a andar, a falar, a escrever ou contar e tantas outras coisas mais. Em alguns casos, o esforço é tão maior e a resposta tão mais demorada, que pode chegar a desestimular os pais e até alguns profissionais. Às vezes se torna difícil perceber que é a insistência e a empolgação que motivam essas crianças a continuar tentando. 

Esperamos resultados rápidos em tudo, mas a verdade é que dificilmente acontece assim, nem conosco, tampouco com as crianças.

E depois de tanta luta... tanto esforço... tanto tempo... de repente... uma frase, quatro passos, a escrita do nome ou uma operação matemática inesperada!!! O coração dispara de felicidade!!! A criança se envolve naquele sentimento de alegria e continua rumo a novos cliques.

Mas tem gente que pensa, “Olha só!!! Foi natural, nem precisava de tanto esforço!”. Ou um parente olha e diz, “Olha aí!!!  Você tentou tanto e não conseguiu. Paga a tanta gente pra conseguir e bastou que  eu tentasse uma única vez...”, ou algo do tipo “Tá vendo! Bem que eu disse. Não era nada!”. 

Na maioria dos casos isso deixa um pai ou uma mãe maravilhados. Mas nos casos em que pelo menos um dos pais esteja mais frágil, algo do tipo pode ser desnorteador ou desencorajador.

Sério! Quando está tudo bem, isso é ótimo. Não teria por que incomodar. Mas quando existe alguma dificuldade específica, por menor que seja, uma frase dessas pode levar os pais a acreditarem que tem algo de errado no jeito de lidar com a situação, chegando a se impacientarem ou mesmo se desesperarem. E sem o acompanhamento de um profissional o resultado pode não ser nada positivo. 

Passando para o concreto, as minhas maiores colheitas aconteceram nas feiras de ciências da escola. E não foi somente na área intelectual, foi no ser como um todo... 

Entretanto, para não tornar mais longa essa postagem, deixarei o caso prático para a postagem seguinte. E como todo caso prático, acredito que acharão a próxima ainda mais interessante que essa...

Um grande abraço!











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